quinta-feira, setembro 13, 2007

Absurdo cacofónico

Deixa-me Amar. É este o nome da nova aposta da TVI para o prime-time, uma novela como seria de esperar. Estranha-se que os responsáveis pela escolha do nome não tenham reparado no ruído que a cacofonia da expressão gera.

Uma cacofonia, e pela letra do dicionário, é "um som desagradável ou uma palavra obscena que resulta da ligação das letras finais de uma palavra com as letras iniciais da palavra seguinte".

Como apagar o que toda a gente viu???





A reputação não depende da crise, mas da forma como se reage à crise.

O episódio de ontem entre Scolari e um jogador sérvio não dignifica a nossa selecção nem o povo Português. Mas não foi o primeiro, nem será o último. O que "destrói" a imagem do sargentão não é o soco falhado, mas a conferência de imprensa subsequente (dou "de barato" a flash-interview que é um momento muito difícil, que incluo na categoria "a quente").

Desafio:
- No final do jogo de ontem, e depois de um empate comprometedor, Scolari tentou agredir um jogador adversário.
- Na conferência de Imprensa considerou normal a situação e negou a tentativa de agressão.

Análise:
- A tentativa de soco é desculpável? É.
- A má educação da flash-interview é desculpável? É (de qualquer modo ja estamos habituados a todo o tipo de insulto vindo deste senhor).
- Negar a agressão na conferência de Imprensa, já com os episódios de há 30 minutos digeridos, é desculpável? Não.

Objectivo:
- Aliviar castigo da UEFA a Scolari.
- Aguentar imagem de Scolari junto dos públicos-alvo.

Públicos-Alvo:
- UEFA
- Opinião Pública
- Jogadores
- Media

Estratégia:
- Scolari devia ter assumido o erro na conferência de Imprensa. Algo como: "Reagi a quente. Apesar de provocado, não foi correcto o que fiz. Estou preparado para qualquer decisão da UEFA. Peço desculpa aos portugueses, aos meus jogadores e ao público" (algo que, com scolari, será impossivel de acontecer).
- "Matar" o assunto para que a discussão pública não fosse apenas sobre a tentativa de agressão (a falta de inteligencia e a falta de uma boa maquina de RP não o permitiu).
- A par disto, a máquina de comunicação da Federação (se é que existe) devia começar a trabalhar nos bastidores: ver antecedentes de Scolari, ver castigos da UEFA a treinadores em situações semelhantes, analisar dados estatisticos, fazer sair informação com estes dados, etc..
- Incidir comunicação à volta do jogo no erro grosseiro do árbitro no golo contra Portugal.
- Fazer chegar informação aos públicos-alvos de acordo com esta estratégia.

Assim, como está a ser conduzido, deixam nas "mãos" da sorte a consequência do incidente. E lá vamos ver a equipa liderada pelo cabo Murtosa nos próximos jogos.

E a federação Portuguesa de futebol por onde anda? Será que perpectuou as férias?

Se um jogador de 18 anos foi punido com um ano de suspenção por tirar um cartão ao juiz de jogo (não desculpavel mas atenuado pelo factor idade) e outro com 3 meses por tentativa de agressão, com quanto tempo irá punir a federação o chefe máximo e principal timoteiro dos valores futebolisticos Portugueses ????

Nota: neste opinião não foram abordados aspectos técnico-tácticos dos quais discordo, devido a ter a minha agenda muito preenchida nos proximos 2 anos.

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PS: após conferencia de imprensa tenho a dizer:

NÃO DESCULPO. E, a meu dever, após a cena de pugilato, devia ter uma segunda oportunidade igual à que teve o João Pinto....

Arguidos, so what?

Os americanos andam atrapalhados com os precedimentos da Polícia Judiciária portuguesa.

Estão a acompanhar com atenção o caso da menina Maddie, que continua em grande destaque, nas 3 "networks" de TV generalistas (CBS, ABC, NBC) e nas 2 principais redes de noticiário (FOX, CNN). Mas não conseguem compreender o que se passa.

Nos Estados Unidos, quando as autoridades de investigação têm uma suspeita consistente contra alguém, levam-na para a esquadra, muitas vezes de algemas, e apresentam-na a um juíz que decide se a acusação vai para a frente e quais as medidas de coacção. No nosso país, pelo que é dado ver na TV, os suspeitos entram e saem das instalações da PJ como se tivessem ido às compras. Diz-se em Portugal que foram constituídos arguidos e, pronto, fica tudo na mesma.

Os jornalistas americanos, e os analistas que procuram comentar o caso Maddie, traduzem "arguidos" para "suspects" (numa evidente falta de sofistificação jurídica) e, a partir daí, fica tudo ilógico. São suspeitos de um aparente crime tão grave, mas não se sabe afinal qual é, e nada lhes sucede? E onde está um juíz? Estas coisas tão importantes para a vida das pessoas e os seus direitos estão nas mãos de meros polícias de investigação?