sábado, março 13, 2010

Elementar, meu caro. Vem aí o supercomputador da IBM

Elementar, meu caro. Vem aí o supercomputador da IBM

Dentro de alguns meses, um novo supercomputador vai enfrentar um desafio nunca antes apresentado à sua espécie: responder a perguntas para as quais não está preparado. Isto é, pensar. O supercomputador, que ocupa o espaço de vários estádios de futebol, chama-se Watson - como o fiel companheiro de Sherlock Holmes. E o teste a que será submetido é a participação no concurso "Jeopardy", um dos mais difíceis e antigos da televisão norte-americana. O projecto é da tecnológica IBM, maior fabricante mundial de supercomputadores, que está a ultimar o Watson para que esteja pronto em 2011. Será o primeiro computador a entender linguagem natural e a responder da mesma forma, em vez de fazer uma busca interna na base de dados à procura do item que corresponde à questão. E para que servirá um computador assim?

"Apoio ao cliente", responde John E. Kelly, director mundial de investigação dos laboratórios da IBM. "Mas o mais importante é que ajudará na prestação de cuidados de saúde em países emergentes, onde pode ser mais fácil ter acesso a uma máquina que a um médico de família." Para desgosto dos fãs de ficção científica, até agora nenhum cientista conseguiu inventar um computador que entenda o utilizador. Mas o Watson vai chegar mais perto que nunca deste ideal. Poderá realmente perceber o que lhe perguntam e responder de forma adequada.

Trata-se de um dos projectos mais ambiciosos que os laboratórios de inovação da IBM têm em mãos, mas há outras iniciativas com grande potencial de impacto, por exemplo na área da saúde. John E. Kelly conta que está em curso na Europa um megaprojecto para o tratamento do VIH, doença que tem de ser tratada com um cocktail avançado de medicamentos baseados na gravidade e nos sintomas.

"Criámos uma enorme base de dados com toda esta informação a nível da União Europeia", explica Kelly. "Agora estamos a adicionar dados genéticos dos doentes com VIH no sistema de análise, que é 75% mais preciso a determinar o mix óptimo de medicamentos, o cocktail ideal, que qualquer médico do mundo". Ou seja, "os médicos não têm de adivinhar". Este supercomputador vai dizer: "Com base na genética, nos sintomas e nas características da pessoa, estas são as melhores soluções."

John Kelly, que falou com o i à margem do evento mundial da IBM CIO Leadership Exchange, em Barcelona, defende que este tipo de inovações será crucial para áreas como a saúde e o ambiente, mas também para os negócios. O software analítico da IBM serve, por exemplo, para que a petrolífera holandesa Shell descubra quais os melhores métodos de extracção de petróleo em poços onde é preciso ir cada vez mais fundo. Ou, no caso da transportadora alemã Lufthansa, para prever os fluxos de procura em múltiplos destinos e o número adequado de aviões a operar num aeroporto. O Bank of America usa-o para prevenir fraudes. "Só vamos ganhar mercado com base em inovação", defende Kelly, explicando que foi por isso que a empresa decidiu vender a emblemática divisão de computadores em 2004 aos chineses da Lenovo. "Os PC são 'commodities'. Não nos conseguimos diferenciar", conclui. Pelo contrário, a empresa norte-americana é a rainha dos supercomputadores, dominando sistematicamente o top dos maiores supercomputadores do mundo.