sábado, março 14, 2009

Frase do Dia

A haste da flecha foi emplumada com as penas da própria águia que se pretende atingir. Muitas vezes damos aos nossos inimigos os meios da nossa própria destruição.

sexta-feira, março 13, 2009

PLANO PARA SALVAR PORTUGAL DA CRISE (em 14 passos)

  1. Trocamos a Madeira e os Açores pela Galiza, mas os espanhóis têm que levar o Sócrates.
  2. Os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário). A indústria têxtil portuguesa é revitalizada. A Espanha fica encurralada entre os Bascos e o Sócrates.
  3. Desesperados, os espanhois tentam devolver o Sócrates. A malta não aceita.
  4. Oferecem também o Pais Basco. A malta mantem-se firme e não aceita.
  5. A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência. Cada vez mais desesperados, os espanhois devolvem-nos a Madeira e os Açores e dão-nos ainda o Pais Basco e a Catalunha. A contrapartida é termos que ficar com o Sócrates. A malta arma-se em difícil mas aceita.
  6. Damos a independência ao País Basco. A contrapartida é eles ficarem com o Sócrates. A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar. Sem o Sócrates Portugal torna-se um paraíso e a Catalunha não causa problemas.
  7. Afinal a ETA não aguenta o Sócrates e o País Basco pede para se tornar território português. A malta faz-se difícil mas aceita (apesar de estar lá o Sócrates).
  8. Fazemos um acordo com o Brasil. Eles enviam-nos o lixo e nós mandamos-lhes o Sócrates.
  9. O Brasil, em estado catastrófico, pede para voltar a ser colónia portuguesa, naquela condição... A malta aceita e manda o Sócrates para os Farilhões das Berlengas, apesar das gaivotas perderem as penas e as andorinhas do mar deixarem de pôr ovos.
  10. Com os jogadores brasileiros mais os portugueses, Portugal torna-se campeão do mundo de futebol!
  11. Os espanhóis ficam tão desmoralizados, que nem oferecem resistência quando os mandamos para Marrocos.
  12. Unificamos finalmente a Península Ibérica sob a bandeira portuguesa.
  13. A dimensão extraordinária por nós adquirida, que une a Península e o Brasil,torna-nos verdadeiros senhores do Atlântico. Colocamos portagens no mar, principalmente para os barcos americanos, que são sujeitos a uma sobretaxa tão elevada que nem o preço do petróleo os salva.
  14. Economicamente asfixiados, eles tentam aterrorizar-nos com o Bin Laden, mas a malta ameaça enviar-lhes o Sócrates e eles rendem-se incondicionalmente. Está ultrapassada a crise.

numa televisao perto de si brevemente....

Ironia Matemática e Portuguesa do Dia

Em cada 10 portugueses, 6 sabem contar. Os outros 3 sâo ignorantes.

Frase do Dia

Uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos.

o futuro...

segunda-feira, março 09, 2009

Lisbon Revisited

Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Álvaro de Campos)

domingo, março 08, 2009

Ao teu redor

Composição: Mafalda Veiga

Enquanto esta cidade adormece
Recolhe a casa e por momentos esquece
As cores de guerra de quem se pintam os olhares

Enquanto tu te abraças ao teu mundo
Com o coração quente e vagabundo
Aceso pelo brilho dos luares

A noite traz
No sabor fugido do escuro
Um abraço de quem ainda sentes o calor
E devagar
Vais-te deixando, no vazio,
Planar até sentir que tudo acalma
Ao teu redor

Enquanto nestas ruas anoitece
E a vida intensa e louca te acontece
A dar-te tudo o que jamais te prometeu

Agora que já deste a volta no mundo
Já sabes, não há mais longe nem mais fundo
Do que por dentro onde guardaste o que foi teu

A noite traz
No sabor fugido do escuro
Um abraço de quem ainda sentes o calor
E devagar
Vais-te deixando, no vazio,
Planar até sentir que tudo acalma
Ao teu redor

São tantas batalhas
É tão funda a dor
São tantas imagens
De abandono e desamor
Há tanta gente caída
Sem ninguém que os abrace
Sem ninguém que os levasse
Antes da escuridão

Então desenho o teu corpo em mim
A forma da tua mão em mim
Pudesse ser essa forma do mundo inteiro
Acordo só para te ver dormir
Assim em paz

São tantos os medos
Calados por dentro
Estilhaços de guerra
Sem luar nem vento
Cravados tão fundo
No peito
Sem ninguém que os arranque
Sem ninguém que estanque
O mal que foi feito

São tantos olhares
De espanto, vazios
E é tanto o escuro
E faz tanto frio
Há gente caída no chão
Sem ninguém que os levasse
Sem que ninguém que os abrace
Antes da escuridão

Então desenho o teu corpo em mim
A forma da tua mão em mim
Pudesse ser essa forma do mundo inteiro
Acorda só para te ver dormir
Assim em paz

Mafalda Veiga

outra margem de mim

É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és

É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós

A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou

São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto

É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar

Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou

Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre

Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver

Não é urgente chegar.
O que é preciso é viver.

Composição: Mafalda Veiga